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incrível constatar que a minha felicidade nunca é plena, completa. quando tudo parece ter dado certo e entrado nos eixos surge uma pedrinha no meu sapato...
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das pequenas perversões

apesar de sua idade adulta
seu jeito de menino é tão marcante
que as vezes me confunde
e me sinto meio pedófila...
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entre sorrisos e balas

ela veio ao meu encontro sorrindo aquele
sorriso amplo que iluminava todo seu rosto.
os olhos graúdos cintilavam como duas estrelas.
alegre, trazia em uma das mãos um saquinho de balas
(daquelas que, quando estouram na boca, liberam pequenas risadas)
e três balões coloridos suspensos por cordões.
de coração aberto, queria me mostrar suas balas e
conversar sobre as cores das flores.
era a personificação da doçura
com seu jeito de menina.

e eu com meu temperamento irritadiço,
não soube tratá-la como merecia.
assustado, estourei seus balões e
com meu coração empedernido,
a deixei vacilante e confusa.
mostrei-me incomodado por sua aproximação.
fui rude, áspero, não sabia como agir.
não podia lidar com tamanha ternura.
ela afastou-se desapontada, triste.
sem ter podido ao menos
contar suas histórias, mostrar suas balas e
compartilhar seu carinho.


ao vê-la distanciando-se, indo embora
pensei em desculpar-me.
não queria deixá-la ir.
mas não conseguia dizer algo
capaz de fazê-la entender
o quanto sua presença produzia um
encantamento lunático sobre mim.
temia que nunca mais voltasse.


e justo quando mais gostaria
de dividir com ela suas balas,
ouvir suas histórias,
encantar-me com seu sorriso
uma dor sufocante me oprimia o peito.
deixava-me ainda mais angustiado e vulnerável.
meu afeto desajeitado
não conseguia perceber
que tudo isso era porque
apenas tinha medo
do que não sabia que sentia.

 
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