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das criancices cotidianas

Rompendo o silêncio da casa no meio da tarde, minha mãe me chama, seguido de um “vem cá, ver uma coisa”. Subitamente, a chuva parou e cedeu lugar a nacos de céu azul, nuvens brancas fofas agrupadas e um sol forte e abafado que reluzia por tudo.
Em pé, parada, diante da janela aberta da sala, minha mãe olhava pra rua. Curiosa com o chamado, parei do lado dela. “Olha ali”, ela aponta para fora, com um sorriso maroto de criança.
O que chamara a atenção dela (e, por fim, a minha), era o espetáculo dos vapores densos, que saíam dos telhados molhados das casas dos vizinhos sob o sol, fazendo um bailado que riscava o céu. Ficamos ambas paradas na janela, quietas, vendo as casas "fervendo".
“Que bonito né?” eu disse.

Nos olhamos e sorrimos.

Imagem salva pelo google - sem créditos

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Que estranho dia de feriado





Que estranho dia de feriado

Ontem, a notícia de uma amiga doente

O insólito da situação que

Por alguns momentos, ao longo do dia

E sem saber de nada

Eu pensei sobre.



Que estranho dia de feriado

Acordar de manhã

Com a mensagem de uma professora

Do outro lado do oceano

Me mandando energias de incentivo

E apoio.



Que estranho dia de feriado

Descobrir que às vezes

As pessoas usam subterfúgios ou

Formas de resistência das mais estranhas

Para se vingar de pequenos autoritarismos

Ou ofensas.



Que estranho dia de feriado

Que está sol lá fora

Tem um calor agradável

E aqui dentro de casa

Está tão mais escuro e mais frio

Que me arrepia o corpo todo.



Que estranho dia de feriado

Que eu tenho esse cansaço no meu corpo

Eu tenho que estudar para a prova

E ao mesmo tempo

Eu tenho uma vontade incrível

De escrever sobre a vida

Sobre alegrias e tristezas

Encontrar amigos

E memórias.



Que estranho dia de feriado

Que tu te pega pensando

No que tu deveria fazer

No que tu gostaria de fazer

E no que precisa ser feito.

Arrumar os armários

Organizar os roupeiros

Doar, doar muita coisa.

Me desfazer de várias coisas que

Eu acredito que não tenham mais sentido

Ou que não tenham mais utilidade pra mim.

Doar um pouco de mim

Pra alguém

Pra alguma coisa.



Que estranho esse dia de feriado

Que o dia parece tão bonito

Mas eu acordo com uma especie de cansaço

Ou desânimo

Pelas notícias tristes.

Mas ao mesmo tempo com tanta esperança

E tanto ânimo

Pelas notícias alegres.

Tem tanta coisa ruim acontecendo no mundo.

Mas ao mesmo tempo

Eu ainda consigo

Me apaixonar por coisas

Que eu ainda nem sei quais são.

Eu consigo pensar com saudades

Nos olhos de alguém que eu amo

E ao mesmo tempo

Me apaixonar

Por um ilustre desconhecido.

Seriam essas as contradições da vida?

Essa coisa amorfa e estranha

Que conjuga notícias boas e ruins?

Sensações boas e ruins

Alegrias e tristezas

Todo o tempo?

Não sei.



Tô aqui pensando em tudo isso

Que eu precisava falar.

Falar porque no fim

Até escrever tudo isso

Acho que me daria preguiça.

Essa preguiça de depois do almoço

Da barriga cheia

Essa languidez

Coisa que parece um gato.

Mas enfim.



Que estranho dia de feriado.

Esse 7 de setembro

Que a gente não tem nada

Para comemorar.

E ainda assim

Está tudo fechado

O ônibus é passe livre

E eu não sei nem

Se as pessoas estão na rua.



Que estranho esse dia de feriado

Eu tenho o mundo inteiro dentro de mim

Querendo sair

E o mundo lá fora acontecendo.

Que estranho.
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Legado

Ao meu amor
Que não me amou
Mas me legou
O maior amor do mundo.
A certeza da presença
Mesmo na ausência
A dor da distância
E aperto no peito
Onde se guarda o nó.
Saudade e ferida
Cicatriz e lembrança
É nunca sentida
Pois é sempre
Frequência
Ao meu amor
Que não me amou
Mas me legou
O maior amor do mundo.

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primavera caracolina



Centenas de caracóis na minha calçada 
carregam silenciosamente 
suas conchas na pedra molhada 
marchando juntos 
na rua pouco iluminada 
sabe-se lá para onde.
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sapatos

De vez em quando
Quando a saudade aperta
Eu visto os meus velhos sapatos
Pra me lembrar de ti.
Andando pela casa com
O toque-toque agudo
A te chamar.
Os velhos sapatos e eu
Com a esperança que tu ache
Novamente o caminho
Até a gente.

 
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