E eu que pensava que não era ciumenta, estou agora me
remoendo de ciúmes por dentro. Mentira. Eu sempre soube. Apenas mantinha essa
constatação sufocada sob meu orgulho. Eu sei que quem procura acha,
principalmente quando sai em busca de algo que pensa existir. Quem está
disposto a encontrar alguma coisa nunca acaba de mãos abanando. Se não encontra,
inventa. Qualquer expressão, referência ou menção, serve de pretexto. Nenhuma
palavra significa uma única coisa e, na minha cabeça, tudo pode ser decupado em
zilhões de sentidos com múltiplos significados e mensagens subliminares. E daí
para a leitura falha (espécie de ato-falho não dito, mas lido), é um pulo. Para
isso, nada melhor que ler, reler, tresler e voltar a ler cada palavra de cada
mensagem recebida. Variar a entonação, questionar cada vírgula, cada riso, cada
trocadilho. Tudo em busca de uma resposta que não está ali. Um indício. Um
sinal. Uma pista. Dando sucessivos F5 na
esperança de que, entre as atualizações do email ou das mensagens do Facebook,
eu teria mais alguma coisa. Uma prova. Algum comentário, recado ou, mais
idealmente, um convite, um chamado, uma declaração expressa que consumisse
quaisquer possibilidades de dúvida. Nada. Porque as tuas palavras não são para
mim. E me ponho a imaginar onde, com quem, para quem são as tuas palavras
agora, enquanto que eu estou aqui, revolvendo o nada. Na verdade, bem na
verdade, eu estou carente de ti. De qualquer migalha que seja. E qualquer
declaração boba, sem sentido, descompromissada, serve de desculpa. Porque a
afetuosidade está nos meus olhos. Porque eu já estava apaixonada pela ideia de
me apaixonar por ti quando comecei a brincar de gato e rato com o que eu sinto.
E no fim de tudo isso, eu já estava olhando de dois em dois segundos pro
celular, na esperança de que algum contato teu chegasse. Eu simplesmente seguia
meu destino de esperante-desejante-imaginante. Sem esperança, sem desejo e sem
imaginação que me fizesse pensar que o que eu sentia não era mais do que a
ausência de alguém que não é tu nem eu. É de um nós que nunca foi. Mas que
levou tanto, tirou tanto, esvaziou tanto, que nenhum sentimento parece ser
capaz de suprir, atender, preencher o verdadeiro buraco de uma existência vazia
e sem sentido.
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1 comentários:
Me abraça, Jesus! Bah, se eu tivesse escrito, não tinha ficado tão próximo ao que eu 'tô sentindo. Sério. Tens o dom, guria. ;*
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