Ele lançava um olhar fixo sobre mim. Curioso, investigativo,
como se discretamente procurasse na superfície do meu corpo algum indício que respondesse
às suas perguntas. Silenciosamente, o olhar dele me encontrava por entre as
outras pessoas e, assim, ele me percorria e me tinha sob seu controle. Eram como
duas pedras que reluziam, frias e magnéticas, que me seguiam a cada movimento. Mesmo
que eu quisesse, jamais me perderia entre uma multidão de passantes sob aquele
olhar. Mas eu não queria. Na verdade, gostava de ver até onde ia. Sem desafiá-lo,
fitava-o e sustentava o meu olhar por alguns instantes até que, por fim, desviava
os olhos.
Às vezes, podia jurar que via seus lábios moverem-se.
Pareciam esboçar alguma intenção de me dizer algo. Mas dificilmente partia dele
a iniciativa de dizer qualquer coisa que fosse. Quando ocorria, era muito mais
fruto de algo que eu anteriormente comentara vagamente e que lhe deixara
pensando alguns instantes. Nestas ocasiões, ele me olhava fixamente e, em
geral, as frases iniciavam com “Por que tu acha que...” ou “O que tu quis dizer
quando...”. Eram produtos da sua investigação sobre mim. Ou, talvez, eram
produtos da sua investigação sobre si: sobre o impacto que seu olhar meu causava.
3 comentários:
bacana o teu blog.
todos estes escritos são teus?
abraço,
guzwb
www.takedireto.wordpress.com
Si, 99% são meus. Alguma coisa postada de alguém, mas referenciada.
Bem legal teu blog também!
Valeu pela visita!
Abraço,
J
já te inclui no meu reader. estou no the old reader. na wordpress é complicado fazer links, se não seria um dos meus links. abraço
Publicar un comentario