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Epitáfio




cabeça vazia.
nariz quente.
maldita alergia.
o tempo passando.
aumenta a agonia.
orientador esperando.
dissertação que não vem.
mas, pelo menos...
epitáfio tem!
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I
beijo trêmulo. sôfrego. impulso derradeiro do segundo que perdido se assemelha à morte. dor lancinante do desejo atendido. do desespero da idéia constante. da suspensão do tempo. da cegueira do espaço. do apego dramático ao instante.

II
traz contigo a força que me inebria e corrói. que me questiona o quanto sou eu longe de ti. o quanto sou incapaz de ter a mim para te resistir numa tarde chuvosa e fria. aceito teus subterfúgios. sofro. crio táticas. me utilizo da completude para espargir sutilezas.

III
grandes olhos ridentes num silêncio verborrágico. um nariz afilado e um sorriso pueril. algumas piscadelas que ousam ultrapassar os limites do não-dito numa comunicação constante. um comentário engraçado para aliviar o peso da insuportabilidade do desejo na presença. entre intervalos e cafés um diálogo ocorre. mas nada se diz. tudo permanece nas entrelinhas. segue no plano das idéias. dentro de duas cabeças um relacionamento acontece.



(para ouvir...)
Vitor Ramil
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Buenos Aires, 4 de octubre de 2009. 4h56min


“Mi Buenos Aires querido
cuando yo te vuelva a ver
no habrá más penas ni olvido”
Gardel
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Palacio Barolo y el Faro - Av. de mayo 1370 - Buenos Aires



Show de re-abertura do farol do “Palácio Barolo”, dia 03/10/2009. Uma das festividades que antecede a comemoração do Bicentenário da Argentina (em 25/05/2010).

Houve uma mostra cinemática na fachada do Palácio, alegórica à Divina Comédia de Dante Alighieri e suas 3 etapas (Inferno, Purgatório e Paraíso), obra que inspirou a construção do Palácio, na década de 1920, pelo industrial Luis Barolo e o arquiteto Mario Palanti. As imagens de passagens da obra eram projetadas em jogos de luz e sombras, com movimentos e cores.

O espetáculo ocorreu a céu aberto, em frente ao prédio, local em que a quadra foi fechada e onde um aparato de luzes, câmeras em gruas e telões foi montado. No meio da tarde já era possível ver a longa fila de pessoas esperando a abertura do espaço onde tinham as cadeiras que rodeavam o piano.

Neste cenário, às 21h, o pianista Horácio Lavandera, tocou sonatas de Beethoven (Patetica, Moonlight e Aurora) em alusão à Divina Comédia. No texto de abertura, “...dois homens com um sonho... um edifício com um propósito... proteger o espírito da Divina Comédia...”, a referência aos idealizadores do Palácio.

Ainda que eu escreva um tratado, não bastaria, pois apenas uma palavra resume o que vi: indescritível.
 
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