0


de todas as suas penas
a que mais lamentava
era a de que ele era muito grande
para caber na sua caixa de lápis de cor
e emprestar para todos os tons
o irresistível colorido da sua presença
0


Excesso de ar que sufoca.

Excesso de silêncio que ensurdece.

Excesso de vazio que pesa.

Excesso de ódio que ama.
0

scrivere, ragazza, scrivere!


Escrevo por linhas retas mas errantes
Uma profusão de palavras, frases, adjuntos perdidos
Explicações soltas, argumentos vacilantes.
Ponta dos dedos frios, tensos, apressados
Que desafiam o tempo e os prazos
Na manhã fria e ensolarada de maio.
Diversos autores na minha solidão
Buscando dar sentido ao pensamento
Tão confuso quanto tudo o mais que eu sinto.
Entre a introdução que nunca termina
E a conclusão que nunca chega
Um mate.
Entre a releitura dos parágrafos
E a reflexão sobre o tema
A lembrança furtiva do teu sorriso.

0

nós devíamos saber que...


eu me nego ao “viveram felizes para sempre”. simplesmente porque viver para sempre é vão e viver feliz para sempre é me negar permanentemente a minha dor, a sensação dos dias tristes, nos quais reflito sobre as pessoas, as relações e as coisas que me afetam, porque me afetam e como me afetam. eu preciso dos meus momentos sombrios, da minha sombra para fortalecer minha luz. em uma parceria, a dor ajuda a crescer forte no apoio mútuo, no abraço apertado, no olhar compassivo que seca a lágrima no rosto do outro enquanto também chora, que diz uma palavra doce ou apenas beija um beijo quieto, silente, carregado de sentidos.


 
Copyright © oblogueobliquo