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Adoro tomar ar, acho incrível, vamos tomar ar!

Férias. É a época do ano que eu me permito deixar um pouco a vida alienada dos livros e da vida acadêmica de lado para me inteirar mais do mundo real, da cultura de rua, da sociedade brasileira e da TV. Sim, eu assisto TV. Mas escondida dos meus colegas acadêmicos, claro. Imagina por uma carreira brilhante a perder se descobrirem que assisto TV quando deveria estar lendo algum alemão bem difícil, daqueles que todo mundo lê mas poucos compreendem?!?
E ontem investi alguns minutos da minha noite na novela global das oito/nove, insensata como tudo/todas produzidas até então...
Incrível como, de tempos em tempos, eu paro diante da TV para “dar uma espiadinha” básica (hey, trocaralho de outro programa da TV?!?) e tenho a nítida sensação de que se trata do MESMO folhetim. As mesmas personagens, as mesmas histórias e os mesmos desfechos, mas enfim...
Bom, seguindo na noite de ontem, enquanto degustava minha pizza, eu dei (mais) uma chance para um trecho da novela, uma festa pra lá de chique e badalada. Aliás, adoro festa de novela! E essa aí vale uma tese de doutorado!
E a frase que me abriu os olhos e os ouvidos: “michê, pornô e homem casado, tô fora!” vociferou a garota “vestida para matar”, ante a abordagem do tiozão cinquentão montado na grana sacudido que a assediara e que, segundo ela, tinha um problema: “um sinal vermelho gritando na mão esquerda”...
A mulher caçadora de marido rico solteira reclamava minutos antes ao amigo gay que investiu uma baita grana na “produção” para ir a festa e o máximo que conseguiu foi passar todo o tempo assediando um gay enrustido (um advogado cuja única atividade na vida parece ser trabalhar pro “Grupo” empresarial do tiozão aquele). Na volta pra casa (no subúrbio), choraminga no ombro da mãe ¾ cujo maior presente foi uma TV nova comprada pela garota com a grana do seu último trabalho (leia-se “fotos artísticas”) ¾ o insucesso da noite:
“O que tem de mulher que casa com homem rico e leva uma vida maravilhosa! É só isso que eu quero. Eu não quero roubar, eu não quero matar, eu não quero nada! Eu só quero encontrar um marido que seja legal, solteiro, hetero, que queira casar comigo e que seja rico!”
Já posso dormir tranquila. Enquanto eu estava no incrível mundo dos alienados acadêmicos, as coisas pouco mudaram...

“Se Eva tivesse escrito o Gênesis, como seria a primeira noite de amor do gênero humano? Eva teria começado por esclarecer que não nasceu de nenhuma costela, não conheceu qualquer serpente, não ofereceu maçã a ninguém e tampouco Deus chegou a lhe dizer “parirás com dor e teu marido te dominará”. E que, enfim, todas essas histórias são mentiras descaradas que Adão contou aos jornalistas.”

GALEANO, Eduardo. Ponto de vista/6. IN: De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso. 9ed., Porto Alegre: LP&M, 2007, p.70.
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Ando de poucas palavras mesmo. Incomodada com o calor. Com algumas coisas que (não) acontecem. Inspiração não rima com transpiração. Claridade demais me irrita os olhos e todo o resto. Me cega e me ofusca as ideias. Sem contar essa espécie de “obrigação de ser feliz” no verão, vendida nas propagandas de cerveja e no noticiário de TV, que não me convence. Não adianta. O calor me deprime. Prefiro os dias cinzas. De preferência aqueles de chuva fina, tocada a vento. Para mim, esses sim são dias felizes.

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sobre a cidade...

Entre as minhas andanças pela cidade, essas manifestações me chamaram a atenção pelos sinais de pensamento crítico e reflexivo que emergem, em contraponto à euforia empreendedora generalizada (de alguns setores, frise-se) causada pelo “evento” Copa:



Esta foto foi tirada dia 02/02, mesmo dia em que recebi o folheto. Bem legal a proposta e já dei uma olhada no blog!





Para finalizar, ontem, me deparei com essa outra intervenção no Arroio Dilúvio, entre as avenidas da Azenha e João Pessoa:


Enfim...
 
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