c´est la vie? parce que je suis?



Paris change! mais rien dans ma mélancolie
N'a bougé! palais neufs, échafaudages, blocs,
Vieux faubourgs, tout pour moi devient allégorie,
Et mes chers souvenirs sont plus lourds que des rocs.

Charles Baudelaire – Las fleurs du mal


(Paris muda! Mas nada na minha melancolia se moveu!
Palácios novos, tapumes, blocos, velhos bairros,
Tudo para mim virou alegoria.
E minhas lembranças são mais pesadas que rochas.)

Ainda não consigo saber que merda me passou pela cabeça que me impediu de comprar em Paris uma edição de As Flores do Mal por 2 euros! É a mesma merda que, em geral, acomete a maioria das mulheres do mundo: o peso. No meu caso por razões óbvias, o peso da mala.

Agora, eu aqui, fazendo um trabalho de antropologia urbana tenho sobressaltos e calafrios pelo corpo ao pensar que os deuses podem (e deveriam!) me punir severamente por minha docilidade ante as normas e conformismo em não transgredi-las por um bom e justificável motivo.

Qualquer argumento de redenção seria inútil, mesmo meu duplo arrependimento. Sim. Algumas horas depois, me dei conta desse surto completo de idiotia e voltei lá. Já era tarde. Baudelaire já não estava me esperando nas margens do Sena. Uma dor parisiense que levarei comigo.

1 comentários:

camila antero dijo...

você deixou baudelaire às margens do sêneca! isso não se faz! Perdeu-se para sempre.
mas não sofra: haverão outros rios e outros poetas no enredo.

belo blog ;)

 
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