paixão bandida

“Firme no seu processo de aproximação com a música brasileira – exposto até no trocadilho do título ‘O Rock errou’ – Lobão desfilou tocando tamborim pela Mangueira no Carnaval de 1987. Quase ao mesmo tempo iniciava a gestação de um novo disco, que deveria se chamar ‘Da natureza dos lobos’, nome de uma composição sua e de Bernardo Vilhena. A prisão no início do ano anterior [30/12/1986 quando chegava em casa dos estúdios da RCA, portando pequenas quantidades de maconha e cocaína], no entanto, estava longe de ser um caso encerrado. Em fevereiro de 1987, Lobão foi preso no Aeroporto Internacional do Rio ao voltar de Florianópolis com 1 grama de cocaína na bagagem. No mês seguinte, nova prisão pelo mesmo motivo, em Ipanema. Foi condenado a um ano. Mas sua hilaridade diante do juiz Paulo Panza da Vara Criminal da Ilha do Governador, acabou lhe tirando o benefício do sursis. Assim, no dia 20 de maio, Lobão foi encarcerado, primeiro na Polinter e depois no Ponto Zero.

O disco novo trocou de nome – para um mais apropriado “Vida Bandida” – e foi completado por intermédio de vários habeas corpus. A convivência com o submundo nos 32 dias que passou preso naquele ano, aguçaram sua sensibilidade social. Na cela da Polinter consagrada na expressão “alô galera da 11”, Lobão dividiu o boi (buraco no chão a título de privada) com, entre outros, os chefes do tráfico de Manguinhos, Gilmar Negão, e do Morro Santa Marta, Zacarias, ambos membros do famigerado Comando Vermelho. Lá, respeitou e se fez respeitar pelos traficantes. Tanto que, depois, ao subir no Morro da Mangueira, foi recebido com uma salva de tiros ritmados: o soldado de vigia o reconheceu e gritou ‘vidaaa, vida, vida, vidaaa bandidaaa rá-tá-tá-tá...”

DAPIEVE, Arthur. BRock: o rock brasileiro dos anos 80. 2ª ed. São Paulo: editora 34, 1996, pp. 49-50.

O bom da antropologia é que (me) permite pensar criticamente a partir de coisas que gosto (muito). O Rock, por exemplo, de estilo de vida passou a objeto de pesquisa. O Lobão, de paixão da infância a artefato cultural produtor de sentidos...
 
Roqueiros também amam: Lobão e uma fã, depois do show - Foto: by Lobon



1 comentários:

Aline Lacroc dijo...

Bacana, não sabia nada da história dele.
Vc conseguiu ver as sapatilhas?? Ai que sorte, ter a loja na sua cidade! nem paga frete..kkk
Beijocas^^

 
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