Ao menino fazedor de poemas
Diga, por favor,
Que faça poemas breves
Lívidos e translúcidos.
Que os reserve para os dias cinza
De chuvas esparsas e clima abafado.
Onde possa inscrever
As suaves sensações causadas
Pelo breve toque dos fios dourados
Dos cabelos de sua amada ridente e doce.
Que nos dias de sol tépido e ar fresco
Possa caminhar entre os passantes
A observar as copas das árvores desenhadas
Nos ladrilhos das calçadas que levam a sua casa
Imaginando versos e ensaiando falas
Das mais singelas às mais belas palavras
Delicadamente eleitas
Para recitar a ela
No derradeiro momento do encontro.
Que não lhe ocorra, porém
Sob efeito de tão sublime estado de torpor
Conceber nada diferente disso
Ainda que na condição de possibilidade.
Que ele possa manter ao longo do tempo
O sentimento menino
Dentro do coração homem
Sem pensar que o amor é breve
O beijo efêmero
E o instante eterno.

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